terça-feira, 7 de setembro de 2010

Retalhos


Para aqueles que observam de fora, sempre me considerei simples. Como um desenho que você olha e entende logo de cara. Sem códigos subliminares ou metáforas complexas.
Só alguém muito danificado para reconhecer outro.
Dores são engolidas pela pele e ficam beirando a essência, longe dos olhos da superfície. Cicatrizes externas mostram batalhas; internas, derrotas.
E veja bem, você sabe. Quando há alguém interiormente tão perfurado quanto você, você sabe. Alivia. Abranda um pouco a dor de não conseguir ser inteira.
Foi assim que te encontrei.
Sentado sob a chuva, enquanto todos se escondiam. O que assusta aos Inteiros nos conforta. Eu sei, também estava lá, sob a mesma chuva.
Vi seus olhos como tantas vezes vi os meus próprios; olhando como se para dentro, como se além.
Você soube também, não soube? No instante, no exato instante que nossas peles se tocaram, nossas perdas se sentiram. Você soube que também eu era pedaço.
Eternizei esse momento, esse toque que suavizou todos meus anseios. A chuva iria parar em breve, era daquelas pancadas que caiam em meio a um dia quente demais. Com ela, você iria também.
Fechei meus olhos.

Você tocou, mudou tudo e se foi.

Como a chuva.

domingo, 5 de setembro de 2010

you try to drag me into your bohemian dancing

she was laying beside me, naked except by a white sheet and a faded lipstick. I ran my nose above her spine, barely touching; she shivered.
- baby?
- hm?
- I wrote you a song.
she squeezed my hand, but didn't open her eyes:
- that's great, C. can I listen to it tomorrow, when I'm awake and coherent?
- yeah. sleep tight, love.
I put another pillow under her feet, and kissed her toes. she moved in her sleep and let her perfect nipple show. I kissed it too.
she smelled like a baby, but God, she ain't one.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Lírios e morango

Lírios e morango. Era isso. Afundei ainda mais meu nariz sobre a pele morna de seu pescoço, aproveitei-me de seu sono pesado para tentar desvendar o mistério de seu cheiro embriagador, até que descobri. Lírios e morango.

Não sei dizer por quanto tempo fiquei ali, viajando sobre sua pele até ela despertar lentamente. Afastei-me tão lentamente quanto ela fazia para acordar, contagiado com sua preguiça ou simplesmente não querendo chamar atenção para o fato de que eu havia passado os últimos vinte ou trinta minutos com meu nariz grudado em sua nuca.

Ela abriu os olhos e procurou pelos meus instintivamente. Sorri.

- Bom dia querida.

- Bom dia querido. – Seus olhos estavam pequenos e seu rosto amassado, porém me observava atentamente. – Você estava me vendo dormir?

- Claro que não! Eu estava dormindo também, acabei de abrir os olhos. – Tratei de bocejar logo em seguida pra dar mais crédito a minha pequena mentira.

- Não acredite quando dizem que isso é romântico. É muito perturbador, na verdade. – Sentou-se na cama como se desse modo pudesse evitar cair no sono novamente.

- Não estava realmente te observando, mas sinto que vai me achar ainda mais perturbado se eu contar...

- Oh não! – Encostou a cabeça no batente da cama, fechando os olhos. – Justo agora que eu estava começando a me apaixonar... Vamos diga. Eu acho que posso agüentar a verdade.

- Bom, na verdade eu estava desvendando um mistério que me intriga desde o momento que a beijei pela primeira vez. – Ela sorriu ainda de olhos fechados, me fazendo sorrir com ela.

- Hm, e qual é esse mistério tão intrigante? – Me aproximei lentamente de seu rosto, chegando próximo ao seu ouvido, sussurrando as palavras:

- Seu cheiro. – Passei meu nariz lentamente por sua bochecha, sorrindo de olhos fechados do mesmo jeito que eu sabia que ela estava fazendo.

- Meu cheiro? E o que há de tão enigmático nele? – Abri os olhos e ela também o fez. Afastei meu rosto do dela, para poder observa - lá melhor.

- Há milhões de coisas enigmáticas sobre seu cheiro! – Sentei-me na cama de frente a ela, para tentar faze – lá compreender cada uma das coisas que tentaria explicar. – Primeiro: o fato de ele ser completamente embriagante. Não ria garota, eu perco a noção de tempo e do que é real se fico muito tempo envolto a ele! E também como não há em todo o mundo um cheiro como esse! Ou deve haver afinal em algum lugar, mas como é de você que ele emana, impossível imaginar qualquer outro lugar onde tal cheiro pudesse se enquadrar melhor...

Ela passou a gargalhar, enchendo o quarto todo com a sua risada, parando apenas depois de alguns minutos, completamente ofegante. Então me olhou como se estivesse vendo algo mais, com um sorriso doce brincando em seus lábios.

- E você descobriu afinal, a resposta de todos esses enigmas?

- De todos não, apenas de um deles.

- E qual deles seria?

- Qual é o seu cheiro. – Ela sentou-se mais ereta, parecendo curiosa.

- E qual é?

- Lírios e morangos. É doce e instigante, precisamente como você. Então, quando eu não consigo desgrudar meus olhos, meu nariz, meus braços e meus lábios de ti, a culpa é inteiramente sua e da força que você exerce sobre mim! – Disse tudo a olhando profundamente. Queria imensamente que ela pudesse entender ao menos uma parcela do modo como eu me sentia.

Ela me olhou por algum tempo antes de se aproximar engatinhando pela cama. Veio bem próxima a mim e sentou em meu colo, encostando levemente seus lábios nos meus.

- Você acordou poético hoje.

- Não. Acordei apaixonado.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

''apaixonada por'' não define meus sentimentos por essa foto.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Tropas Desarmadas

Quem diria que toda a sua graça, seria afinal a maior de minhas desgraças.
E há quem diga que era mais fácil o tempo onde as palavras apaixonadas eram enviadas por cartas amassadas ou arrastadas pelo vento. Onde o amor era platônico e impossível acabando por ser então eterno, por jamais consolidar-se.
Recuso-me porém, a ser parte dessa cavalaria de insólitos soldados covardes.
Serei andarilho de seus passos, buscando um espaço para golpear-te com meus devaneios, tentar compartilhar contigo meus maiores anseios e querer fazer que tu queiras também repartir os seus.
Quero ter-te em meu braços, apertar-te com meus abraços, sufocar-te ao acabar com o espaço.
Quero você consolidando-se junto a mim todas as noites em nosso amor mortal.
Vamos ignorar juntos os poetas do passados, destruir suas tropas com o nosso amor imaturo, nossos desejos impuros.
Vamos ser levianos.
Vamos ser apaixonados.
Seremos então mortais.
E nada mais.

-
ma oe, resolvi postar porque me contaram que eu ainda não tinha feito isso em 2010, hehe G_G
o blog tá com frescura e uma frase ficou em preto, acreditem quando eu digo: não foi proposital. u-u
e bom, eu até que gostei desse mini-texto :D mas eu não consigo escrever em inglês, portanto os meus terão ar de ralé mesmo e é nois DUHSAIUHDIUSHA
:*

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

beneath the surface

she leaned in and whispered in his ear:
- i was missing you like a crazy fucking bitch.
he smiled:
- thats just the way i like you.
she flirted:
- how? fucking?
he kissed her:
- no. missing me.
she smiled.


(postei só porque, né.....bom dia 2010. tenho raiva de vir aqui e ler os rascunhos da anita, porque essa pequena desgraçada humilha qualquer coisa que eu escrevo. mas enfim, gosto mais de escrever em inglês porque mesmo ficando uma merda (e sempre fica), ainda tem um ar...nobre JDOJSOIJ zuera (tem sim)).

domingo, 15 de novembro de 2009

Liberdade

Sentia o vento. Bagunçava seus cabelos, zumbia no seu ouvido, refrescava sua mente.
O vento fazia sentir-se livre, sozinho; mas não solitário. Sentia-se completo, inteiro; era como ter o mundo inteiro a sua frente e nada a ser deixado pra trás.
A alegria que extraía de sua cômoda liberdade, das risadas soltas e dos encontros inesperados, eram aproveitadas com tamanho júbilo que quase não se sentia infeliz. Quase.
A controversia de ser livre é justamente isso: ser livre. Não há amarras, não há nada que te prenda; não há amor. O amor, o verdadeiro e puro amor, te domina, te toma. Não há tempo pra ser livre quando se ama. Liberdade é única, é só.
A excitação de poder ser e fazer o que quiser é tremendamente atraente. Não permanecer por muito tempo, ser um andarilho do mundo. Ao se instalar, com o tempo, passamos a se importar. Assim partimos, com medo de querer ficar, de querer ter alguém a esperar algo de nós.
E então, andando desprevenido por uma esquina qualquer, se perde em um sorriso que lhe promete tudo em troca da sua liberta vida.
Fica pra trás então, a liberdade; corrompida pela única coisa que lhe faltava: todo o resto.